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Kuntanawa – Luta e Reconstrução

Reunião na maloca sagrada entre índios e equipe governamental

“Quando escutaram um barulho, avoou um bicho e sentou mais na frente. Era um jacu. O cunhado dela disse: − ‘Vou já matar esse jacu’. Ela disse assim: − ‘Tu não atira, olha os cariús. Se eles escutarem o tiro vem atrás de nós’. Aí ele disse: − ‘Vou experimentar meu rifle, pra ver se tá bom ainda’. Atirou e o jacu caiu. A irmã dela foi e pegou o jacu. Quando estava pelando o jacu, ela escutou quebrar. Virou-se, espiou e viu, eram os cariús!” 1

Este depoimento de Dona Mariana reproduz a fuga de sua mãe, Dona Regina, após o ataque das “correrias” à sua tribo, foram a partir destes relatos, pequenos indícios de uma etnia desaparecida, que foi possível a reconstrução de uma cultura interrompida. Os Kuntanawa, grupo indígena que habitava o alto rio Envira, no Acre, nos primeiros anos do século XX, foram considerados extintos devido às perseguições armadas a aldeias por bandos no período do ciclo da borracha.

 

Dona Mariana e Seu Milton. Foto extraída do blog http://aflora.blogspot.com/

Dona Mariana casou-se com Seu Milton – descendente do povo Nehanawa – e se instalaram no seringal Restauração, às margens do rio Tejo. Com a mobilização para a criação da Reserva Extrativista (Resex) do Alto Juruá, o envolvimento político da família de Dona Mariana e Seu Milton, ainda considerados como caboclos, despertou a necessidade de restauração da identidade indígena, e a partir de então, passaram a trabalhar para resgatar a ancestralidade perdida. “Esforços de reconstrução da língua têm sido realizados por meio de fragmentos ainda vivos na memória da matriarca do grupo, dona Mariana, do contato com outros povos de língua Pano (como os Kaxinawa e os Yawanawa) e da grafia que utilizam, e de canções ayahuasqueiras.”2

 

Atualmente a nação Kuntanawa se divide em três aldeias com 100 pessoas, porém, aproximadamente 400 descendentes são encontrados em diferentes cidades e comunidades ao longo do rio. Para conhecer um pouco mais a história Kuntanawa, seus rituais e cultura, acesse os links a seguir.

Referências:

1. (acesso em 05/11/2020). http://biblioteca.funai.gov.br/media/pdf/Folheto65/FO-CX-65-4293-2011.PDF

2. Mariana Ciavatta Pantoja (UFAC). (acesso em 05/11/2020). https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Kuntanawa

Crédito: http://thaumaturgonews.blogspot.com